A maneira como as cidades são desenhadas impacta diretamente na segurança de pedestres, ciclistas, motoristas etc. Segundo o empresário Aldo Vendramin, o design urbano não deve ser apenas funcional e estético, mas também projetado para preservar vidas. No Brasil, onde os índices de acidentes de trânsito ainda são altos, repensar a infraestrutura das cidades a partir de princípios de segurança viária é uma urgência que pode salvar milhares de pessoas todos os anos.
O design urbano como fator determinante na prevenção de acidentes
O desenho das ruas, calçadas, cruzamentos e espaços públicos pode induzir comportamentos de risco ou de cautela. De acordo com Aldo Vendramin, vias largas demais, falta de faixas de pedestres e ausência de áreas de convivência são fatores que incentivam velocidades excessivas e reduzem a percepção de risco por parte dos motoristas.
Por outro lado, quando o espaço urbano é planejado para promover a convivência segura, com faixas elevadas, lombadas, boa iluminação e sinalização clara, os acidentes tendem a diminuir consideravelmente. Essa abordagem — conhecida como “urbanismo tático” ou “design para a vida” — já é amplamente adotada em cidades que priorizam a segurança sobre a fluidez do tráfego.

Exemplos internacionais que inspiram mudanças no Brasil
Diversas cidades ao redor do mundo adotaram estratégias eficazes de design urbano focadas na redução de mortes no trânsito. Conforme destaca Aldo Vendramin, metrópoles como Oslo, Amsterdã e Bogotá demonstraram que redesenhar ruas pode reduzir drasticamente os índices de sinistros viários.
Esses modelos priorizam o transporte ativo (a pé e de bicicleta), limitam a velocidade dos veículos em áreas densamente povoadas e utilizam elementos de infraestrutura verde para induzir comportamentos mais cautelosos. As cidades brasileiras podem aprender com esses exemplos, adaptando soluções conforme suas realidades locais e sociais.
Elementos essenciais do design urbano seguro
Alguns princípios de design são fundamentais para garantir mais segurança nas cidades. Frisa Aldo Vendramin que medidas como o alargamento de calçadas, o estreitamento de pistas de rolamento, a criação de áreas de tráfego calmo e a implantação de ciclovias segregadas estão entre as mais eficazes.
Outros elementos, como a instalação de mobiliário urbano (bancos, árvores, iluminação) e a revitalização de espaços públicos, também contribuem para aumentar a sensação de segurança e reduzir o número de atropelamentos e colisões. Quando o ambiente convida à convivência e ao cuidado, o comportamento no trânsito muda.
O papel das políticas públicas e da participação cidadã
Para que o design urbano seja efetivamente transformador, ele deve estar alinhado com políticas públicas integradas e com a escuta ativa da população. Conforme indica Aldo Vendramin, a participação dos cidadãos no planejamento urbano é essencial para que as intervenções sejam eficazes, inclusivas e socialmente aceitas.
Além disso, é necessário que os investimentos em segurança viária sejam permanentes e estruturados, com base em dados, estudos técnicos e monitoramento constante dos resultados. Somente assim será possível criar cidades mais humanas, seguras e sustentáveis.
Caminhos para um novo modelo de urbanismo no Brasil
A transformação do espaço urbano passa por uma mudança de mentalidade: da lógica do carro para a lógica da vida. Isso significa colocar a segurança das pessoas no centro do planejamento, redesenhando ruas e avenidas para que todos possam circular com dignidade e proteção.
Cidades que adotam um design urbano inteligente conseguem não apenas reduzir acidentes, mas também melhorar a qualidade de vida da população, estimular a mobilidade ativa e fortalecer o senso de comunidade. O Brasil tem a oportunidade de aprender com as melhores práticas internacionais e desenvolver soluções próprias que coloquem o bem-estar no coração do desenvolvimento urbano.
Autor: Daryonin Volgastov